Colágeno: o que é, para que serve e quando vale a pena tomar suplemento
Benefício do suplemento para a pele divide opiniões
Quando se fala em colágeno, talvez a primeira associação que venha à mente seja uma pele firme, como a de um bebê. Embora a substância esteja, de fato, relacionada a uma cútis jovem, a sua função no organismo vai muito além da beleza.
O que é e para que serve o colágeno
O colágeno é uma proteína estrutural do corpo, produzida por uma célula chamada fibroblasto. A palavra vem do grego “kolla”, que significa… cola. A substância responde por 35% de todas as proteínas do organismo e a sua função é dar sustentação aos órgãos.
De acordo com Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), existem mais de 27 tipos de colágeno no organismo. Os mais comuns são:
Tipo I – Abundante em locais que resistem à grandes tensões, a exemplo de tendões, derme, ossos e córneas;
Tipo II – Presente em áreas que resistem à grandes pressões, como olhos e cartilagens;
Tipo III – Encontrado no tecido conjuntivo frouxo, nos vasos sanguíneos, nos pulmões, nos músculos, nos intestinos, no fígado e no útero.
Como o corpo fabrica a proteína
O colágeno é produzido a partir de aminoácidos ingeridos pela dieta. Sua matéria-prima são as proteínas, principalmente de origem animal, associadas ao consumo de fontes de vitamina C.
Segundo o médico Cristovam Miguel Neto, especialista em nutrologia esportiva, a proteína da carne, tanto vermelha, quanto branca, é mais biodisponível do que as de origem vegetal. Na prática, isso significa que o vegetariano precisa ingerir mais fontes proteicas para ter o mesmo resultado que uma pessoa carnívora.
Boas fontes de proteína vegetal são arroz, soja, feijão, ervilha, lentilha, castanhas, nozes e sementes, informa a nutricionista Carolina Tavares, da Vitamine-se.
Pelas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), um indivíduo adulto e sadio deve ingerir de 0.8 a 1.2 grama de proteína por quilo por dia. Assim, uma mulher de 60 quilos precisa de 48 a 72 gramas diários do nutriente.
Cristovam Miguel Neto afirma que a ingestão deve ser fracionada durante o dia, pois o corpo consegue digerir no máximo 30 gramas de proteína em uma refeição. “A pessoa pode, por exemplo, consumir leite e ovos no café da manhã, iogurte com uma fruta de baixo índice glicêmico no lanche e, no almoço, arroz com feijão e uma carne, vermelha ou branca”, sugere.
Suplemento de colágeno: vale a pena tomar?
A partir dos 30 anos, mais ou menos, o corpo começa a reduzir a produção de colágeno, por fatores genéticos e ambientais. Na falta da substância, a firmeza e a elasticidade da pele são substituídas por rugas e linhas de expressão. A unha começa a se tornar quebradiça e o cabelo, opaco. A cartilagem das articulações vai aos poucos se degenerando.
Nessa fase da vida, muitas pessoas começam a ser atraídas pelos suplementos de colágeno, principalmente em busca de um benefício estético. Mas será que vale a pena investir nesse caminho? O assunto divide opiniões.
Cristovam Miguel Neto explica que existem duas categorias de suplementos de colágeno. Um é o hidrolisado tipo 1, que foi “quebrado” em moléculas menores e, em teoria, seria mais facilmente absorvido pelo organismo. Geralmente comercializada em pó, essa é a versão oferecida pela indústria cosmética como uma solução para melhorar a elasticidade e a firmeza da pele.
O outro é não hidrolisado tipo 2. Esse colágeno, vendido em forma de cápsula, passa integralmente pelo trato gastrointestinal e age especificamente na cartilagem articular.
De acordo com Marcella Garcez, os dados científicos apontam que os suplementos orais de colágeno podem ajudar na cicatrização de feridas, no envelhecimento e no aumento da elasticidade da pele, assim como na hidratação e na densidade do colágeno dérmico.
Cristovam Miguel Neto concorda em partes. Segundo ele, os benefícios clínicos dos suplementos foram atestados somente nos casos de doenças das articulações, como artrite reumatoide, osteoartrite e osteoartrose.
No caso da ação sobre a pele, diz o médico, os resultados são inconclusivos. “Não existe comprovação científica de que o colágeno consumido pelos suplementos vai para a pele, o cabelo e a unha. Os estudos mostraram que o resultado é igual ao de uma dieta com a quantidade de proteína indicada para o seu peso”, afirma.
O nutrólogo esportivo sugere que os seus pacientes em busca do benefício estético economizem o dinheiro do suplemento e invistam em uma dieta rica em proteínas e vitamina C.
Outros cuidados recomendados são usar protetor solar — os raios ultravioleta do sol degradam o colágeno da pele e aceleram o envelhecimento —, dormir de 7 a 9 horas por noite e evitar o tabagismo.